A Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) realizou, no dia 5 de novembro, o evento “Tendências e Contextos 2026”. Realizado na sede da ACI, em Novo Hamburgo/RS, a iniciativa contou com apresentações das tendências culturais que vêm moldando o design nacional, das mudanças no contexto geopolítico mundial e da macroeconomia e o seu impacto na cadeia produtiva do calçado. 

Na primeira palestra, Walter Rodrigues, coordenador criativo do Núcleo de Pesquisa e Design da Assintecal, detalhou as mais recentes pesquisas desenvolvidas e que resultaram em mais de três mil materiais lançados em quatro edições do INSPIRAMAIS. “Hoje, não é possível uma empresa sobreviver sem um planejamento para, pelo menos, cinco anos. A moda não é diferente e é por isso que realizamos as pesquisas dos materiais com antecedência”, explicou. 

Fazendo uma linha do tempo dos estudos, desde 2023, quando foi desenvolvida a pesquisa Periféricos, que ressalta a crescente relevância criativa do chamado Sul Global, o estilista falou de uma moda “otimista, criativa e vibrante”. O período, no entanto, antecedeu uma era criativa mais pessimista, que refletia um mundo em conflito. A pesquisa, batizada de Burnout, levou às indústrias da moda materiais com uma estética mais sombria. Já, em 2024, o pessimismo generalizado deu lugar à esperança na pesquisa Human, que apontou para uma “esperança comprometida”, trazendo de volta ao cenário o conforto, a fluidez, a dança, os brilhos e as cores mais vibrantes. Em desenvolvimento, a pesquisa que será lançada no próximo INSPIRAMAIS, entre os dias 27 e 28 de janeiro de 2026, em Porto Alegre/RS, é a The Turning Point. Baseada na obra de Fritjof Capra (O Ponto de Mutação), o levantamento promove o desenvolvimento de materiais que remetem à urgente necessidade de mudança nos rumos da humanidade, diante de um mundo mais fechado e em conflitos permanentes. 

China
Na sequência, o professor de graduação e pós graduação em Relações Internacionais da Unisinos, Marcos Aurélio dos Reis, discorreu sobre as mudanças na geopolítica mundial, com o crescente poder econômico e político da China e as – esperadas – reações dos Estados Unidos. “Estamos vivendo uma ordem internacional em transição e precisamos estar atentos às oportunidades desse movimento”, disse. Dentro do contexto, Reis listou três cenários possíveis: um mundo bipolar, com os Estados Unidos e a China dividindo o poder econômico e político; um mundo multipolar, que terá como forças predominantes os Estados Unidos, a China, a Europa e a Rússia; e um mundo unipolar, com poder econômico e político centrado na China. 

Economia
Na última parte do evento, o doutor em Economia e consultor Marcos Lélis falou sobre o contexto econômico mundial e brasileiro. Segundo ele, a desvalorização do dólar, somado ao tarifaço aplicado pelos Estados Unidos ao Brasil, vem dificultando as exportações brasileiras para aquele país. No entanto, alguns mercados despontam, como de países da América do Sul. As dificuldades da Argentina com suas parcas reservas internacionais, segundo destino internacional do calçado brasileiro, também é um impeditivo de um crescimento nos embarques. 

O evento teve os patrocínios da Sicredi Pioneira, Biason Empresarial e Eurolatina Turismo. A parceria foi do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).